PLC Portugal 2024 discutiu sustentabilidade, mobilidade e digitalização

A 19.ª edição do PLC Portugal decorreu a 30 de outubro no Eurostars Oasis Plaza, na Figueira da Foz, com o mote: “Rumo à Indústria de Impacto Zero”. Os organizadores – Eplan, Rittal e Phoenix Contact – prometeram um fórum de discussão imprescindível sobre o futuro da indústria, e cumpriram. O evento foi um sucesso para os cerca de 200 profissionais que estiveram presentes!

Já não havia uma cadeira livre na sala de conferência quando foram dadas as boas-vindas a todos pelas 3 empresas organizadoras do evento: Francisco Chacon da Eplan, Jorge Faria da Mota da Rittal e Michel Batista da Phoenix Contact. 

Eplan: como alcançar um nível superior de inovação e superioridade? 

Francisco Chacon foi quem deu o pontapé de saída com as apresentações ao falar dos 40 anos da Eplan e nas mudanças que ocorreram sobretudo na área da informática. Relembrou e deu como exemplo o seu primeiro computador enorme e muito lento no processamento. E notou que também as mentalidades sofreram alterações durante estes anos, contrastando os baby boomers como previsíveis e lineares e por outro lado, os millenials como alguém que não gosta do clássico discurso do vendedor. Todas estas evoluções na sociedade e no pensamento acabam também por afetar as empresas e mudar a sua estratégia, acompanhando a natural evolução do mundo. E isso também justifica que a EPLAN em 1984 tivesse o foco no produto e atualmente tenha mudado o paradigma para a solução que terá de ser digital, global, integrada e alinhada. 

Mas afinal o que nos traz o futuro? Para Francisco Chacon há dois temas incontornáveis – Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning – que justificam o aparecimento do Assistente Eplan como um chatbot com conhecimentos suficientes para responder no imediato a uma qualquer dúvida. Neste âmbito surge ainda o controlo de qualidade para uma melhor interpretação de dados e correção de erros e a geração de conteúdos que alavanca a geração de circuitos, os comandos de voz e o automático layout de painel 3D.  

E com esta natural evolução do mundo surge uma Eplan como um fornecedor de soluções com uma visão alargada das necessidades do mercado e dos utilizadores. A somar a isso Francisco Chacon e David Santos explica que a Eplan tem ainda a vantagem de identificar os principais intervenientes e procedimentos, analisando sempre as tendências e assim conseguem sugerir e implementar as melhores soluções da Eplan ou dos seus parceiros. Deram o exemplo da parceria da Eplan com a Rittal que permite a construção de uma cadeia de valor que começa na engenharia (gémeo digital, dados 3D, Eplan Data Portal, Eplan Pro Panel), aprovisionamento (configuração de produtos sem erros - RiPanel, facilidade na encomenda e entrega), fabrico (equipamento Rittal totalmente automatizado, cablagem facilitada e ligação de todas as estações) e operações (acesso aos dados do projeto em qualquer local com a Eplan eVIEW, mínimos tempos de paragem com o Rittal Global Service, processo eficiente de serviço com o Rittal ePOCKET e manutenção preditiva). Destacou ainda a parceria entre a Eplan, Rittal e Phoenix Contact que se materializa na iniciativa Smart Engineering and Production (SEAP) que através da padronização de dados e integração digital, irá transformar o mundo da construção de quadros elétricos através da digitalização dos processos. Com a SEAP, as empresas reduzem custos, aumentam a produtividade e respondem às exigências do mercado. Francisco Chacon terminou a sua apresentação ditando que a Eplan é o parceiro perfeito para um mundo repleto de inovação e competitividade! 

 

Rittal, rumo à indústria de impacto zero 

Inovar nos sistemas elétricos para garantir uma indústria de impacto zero foi o tema que Jorge Faria da Mota, CEO da Rittal, trouxe a este evento. Apesar de “uma indústria com zero de impacto ser uma utopia” é importante que todos façamos este caminho para alcançarmos os melhores resultados possíveis, no prazo desejado e definido nos acordos de Paris. Para contextualizar a urgência desta ação, apresentou um gráfico, publicado no estudo anual sobre emissões de CO2, por região, no mundo, “CO2 and Greenhouse Gas Emissions”, onde se conclui que as emissões, em escala mensurável, tiveram o seu início no séc. XX com a revolução industrial, tendo tido um crescimento exponencial a partir da década de 50 do séc. passado. Entretanto mostra sinais de estagnação ou mesmo redução nos países ocidentais (Europa e EUA), a partir da segunda década do séc. XXI, mas sofreu um aumento descontrolado nos mercados asiáticos com especial ênfase na China. A Ásia toda, incluindo a China, é já responsável por mais de 50% das emissões de CO2, no mundo inteiro. Mas o que podemos fazer para reverter esta situação? 

Segundo Jorge Faria da Mota não faz sentido preocuparmo-nos com a economia de amanhã se, antes disso, não nos preocuparmos em garantir que vamos ter “um amanhã”. Assim, é urgente protegermos o planeta, reverter o ciclo do impacto ambiental e implementar regras claras de acesso aos mercados em condições de competitividade, sem prejuízo das ações de proteção climática.  Todos, sem exceção, somos “stakeholders” desta equação e apesar das empresas/marcas não poderem mudar esta realidade sozinhos, têm um papel fundamental ao darem o exemplo e promoverem essa cultura nas suas próprias estruturas de produção, contribuindo decididamente para a mudança de paradigma! 

Definitivamente, uma empresa que produz equipamentos sem respeitar regras de redução do impacto ambiental e sem respeitar a proteção do planeta, para reduzir os custos e aumentar a sua competitividade, tem de ser fortemente penalizada com elevadas taxas que transformem essa opção na mais castigadora em termos de resultados financeiros, demovendo os seus promotores da sua utilização. A capacidade competitiva das empresas deverá ser, no futuro, medida pela sua contribuição para uma “Indústria de Impacto Zero”. 

E porque os bons exemplos devem sempre vir de quem defende estas medidas, Jorge Faria da Mota apresentou o exemplo das 3 novas fábricas construídas pela Rittal na Alemanha, onde mais de 80% da energia consumida é proveniente de fontes renováveis e cujas emissões de CO2 são atualmente residuais. É por isso que a Rittal faz toda a diferença para as empresas que operam no mercado da automação industrial, energia ou datacenters, disponibilizando um vasto portefólio de soluções, que os ajudam a atingir os seus objetivos e realizar os seus trabalhos, sem, com isso, estarem a contribuir para o aumento das emissões de CO2 ou estarem a desrespeitar as metas definidas nos acordos de Paris para a proteção do nosso planeta. 

É nestes objetivos que a Rittal está empenhada, contribuindo para a regressão da poluição e das alterações climáticas, nunca se esquecendo de manter uma elevada competitividade para si e para os seus parceiros. Importante ainda ressalvar que, quer a EPLAN quer a Phoenix Contact, são empresas igualmente empenhadas no alcance destes objetivos e cujo contributo é reconhecido pelos mercados. 

 

Phoenix Contact explica as mudanças trazidas pela digitalização 

A digitalização na sociedade eletrificada foi o tema escolhido por Michel Batista para a sua apresentação no PLC deste ano. As alterações climáticas e a revolução energética colocam a todos grandes desafios e questões, e nesse seguimento a Phoenix Contact apresentou o Empowering the All Electric Society que descreve um mundo em que as energias renováveis estão disponíveis em quantidades suficientes para todos e a preços acessíveis. Neste mundo a energia renovável é gerada e utilizada de forma consistente e a necessidade de energia primária é reduzida através de medidas de eficiência energética, sendo ainda criados sistemas inteligentes e que funcionam em rede. Michel Batista explicou que a Phoenix Contact com os seus produtos, soluções e competências na área da digitalização permite à indústria e à sociedade implementar esta transformação para construir um mundo sustentável, focando-se sempre nos 3 pontos principais: eletrificar, interligar e automatizar. 

As soluções da Phoenix Contact incluem respostas para a transmissão e distribuição de energia, sistemas de acumuladores de energia e tecnologias de centrais elétricas. A interligação dos pontos na rede é crucial para uma utilização energética mais eficiente. Michel Batista relembrou que a digitalização transformou as nossas vidas e é uma nova era no desenvolvimento do mundo, das indústrias e das nossas próprias vidas. E especificou que a digitalização transforma as economias, cria empregos, melhora a vida até das populações e países mais pobres, muda a nossa forma de comunicar e de concretizar negócios e até mesmo a nossa ligação ao ambiente. A segurança digital foi outro dos pontos abordados pela sua importância em evitar perda de dados e a inatividade de empresas e indústrias. 

 

Mobilidade elétrica na economia circular e na sustentabilidade 

João Rosa Dias da Siemens tomou a palavra de seguida para falar sobre a mobilidade elétrica e a sua importância para a construção de uma economia circular. Contabilizou 1400 profissionais a trabalhar na Siemens eMobility, que tem 80 000 carregadores instalados, e mais de 800 projetos em 60 países. Tudo isto é possível porque a Siemens eMobility tem uma gama completa de carregadores CA e CC – VersiCharge, Sicharge D, Sicharge UC e DepotFinity. Destacou que Portugal foi um dos países mais inovadores na mobilidade elétrica, tendo o processo começado há já 10 anos quando nenhum país europeu pensava sequer nisso. E ressalvou ainda outras mais-valias do nosso país e dos portugueses como a capacidade de adaptação a novos paradigmas, o investimento na inovação e no ensino e a capacidade de resiliência e criação de valor. Não há, por isso, nenhuma razão para ficarmos para trás neste caminho da mobilidade elétrica! 

A fábrica de mobilidade da Siemens em Portugal está localizada em Corroios, numa antiga fábrica que foi requalificada em 2019, e que possui laboratórios e centros de treino globais. Mas o que João Rosa Dias quis mesmo chamar a atenção é para a necessidade urgente de sermos mais sustentáveis para conseguir alcançar as metas globais e contribuir para a economia circular! 

Workshops, casos de estudo e muitos produtos inovadores 

Depois de um agradável almoço, as 3 empresas organizaram workshops que decorriam em simultâneo. Foi ainda a oportunidade ideal para apresentar e conhecer mais em detalhe diversos produtos.  

A Eplan apresentou o Eplan Smart Production Collection e explorou aplicações focadas na otimização da montagem de armários, o Smart Wiring e o Smart Mounting que oferecem benefícios significativos para o processo produtivo: agilização do processo de produção, minimização de erros, garantia de precisão e controlo na montagem e cablagem e maior facilidade na comunicação e integração de dados entre departamentos. O EPLAN Smart Mounting simplifica a instalação manual de componentes mecânicos e elétricos durante a produção de armários de controlo. Fornece instruções de trabalho precisas e visualização 3D, assegurando um fabrico eficiente do armário. O EPLAN Smart Wiring atua como um assistente virtual para a montagem manual de cablagem em armários de controlo, fornecendo informações detalhadas sobre pontos de ligação e encaminhamento de cabos. Juntos, estes softwares permitem que os gestores de produção obtenham uma visão abrangente de todas as ordens de produção e indicadores de desempenho. Isso facilita o acompanhamento do progresso das encomendas, a identificação de erros e a tomada de decisões baseadas em dados para otimizar os processos de forma eficaz. 
A Eplan apresentou ainda o Eplan Cable proD que permite um planeamento eficiente da cablagem das máquinas e uma interligação elétrica em 3D. 

A Rittal demonstrou como é possível superar os desafios da transição energética recorrendo a sistemas de distribuição de energia modulares. Destacou, um exemplo real, um caso de sucesso numa Estação de Tratamento de Águas Residuais, em Marrocos, onde foi possível comprovar como as soluções Ri4Power se adaptam às necessidades específicas de cada projeto e cliente, otimizam o consumo de energia, reduzem o impacto ambiental e garantem a eficiência operacional. Seguindo a temática do evento, no seu segundo workshop, a Rittal reforçou a importância de uma climatização de quadros elétricos eficiente e corretamente selecionada, recorrendo a uma configuração em tempo real no software RiTherm. Foram ainda aqui apresentados dois novos equipamentos de climatização, o ar-condicionado Blue e + S e o novo ventilador Blue e +, concebidos para reduzir significativamente a pegada ecológica, e fundamentais para o bom funcionamento e durabilidade dos equipamentos elétricos e de automação em ambientes industriais. Para terminar, os espetadores foram desafiados a instalar e a testar a App Scan & Service, uma aplicação que permite por meio de tecnologia NFC, aceder aos equipamentos, monitorizar, identificar possíveis erros, efetuar o download de manuais e certificados, consultar listas de peças e até solicitar apoio técnico. 

A Phoenix Contact focou-se na eficiência e construção de quadros elétricos com os softwares: clipX ENGINEER, PROJECT Complete, WIRE ASSIST e configuradores online. Foram abordados os desafios atuais do fabricante de quadros elétricos com especiais focos na montagem de réguas e preparação de fios com base na exportação digital do CAE. Foi apresentado um caso prático de exportação do CAE para o mais recente software de planeamento de réguas clipX ENGINEER, baseado em cloud. Adicionalmente foi detalhada a nova funcionalidade de guia de montagem de réguas de bornes passo a passo, clipX ENGINEER Assemble, eliminado a necessidade de operador especializado. Na preparação de fio, foi demonstrado a importação de dados CAE para o WIRE ASSIST, em conjunto com a mais recente gama de impressoras de colocação automática de etiquetas THERMOMARK E. Por fim, sobre a forma de um quiz, abordou a audiência sobre medidas de continuidade de serviço em quadros de comando e controlo. 

Veja as fotografias e vídeo deste evento em www.plcportugal.eu/galeria